Saúde mental como estratégia nas organizações
A saúde mental é tema de discussão no mundo todo devido aos seus impactos econômicos e sociais. No universo das empresas, isso não é diferente. Na Dinamarca, por exemplo, o absenteísmo por doença atinge cerca 5% da equipe. Igualmente, essa variável medida em um dia útil na Noruega mostra que 7% das ausências no trabalho se deve a doenças.
Nesse sentido, os transtornos mentais mostram um crescimento enorme entre as principais doenças que impactam na produtividade. Além disso, as adaptações referentes ao contexto da crise Covid-19 tendem a provocar seu escalonamento, como alertado por especialistas em saúde da ONU.
Saúde mental x afastamento
Em uma pesquisa que investigou as causas de absenteísmo entre servidores públicos concluiu-se que os transtornos mentais foram responsáveis por 30,7% dos afastamentos em 2003. Seguido de 30% em 2004, 32,6% em 2005 e 29,9% em 2006.
Além disso, um estudo de 2019 mostrou que os transtornos mentais foram a terceira maior causa de afastamento dos segurados do INSS em municípios do Paraná. Da mesma maneira, outras pesquisas apontam para a relação entre transtornos mentais e o resultado de indicadores de turnover, acidentes de trabalho e presenteísmo.
Os números corroboram com a projeção da Organização Mundial da Saúde, segundo a qual até 2020 a depressão seria uma das principais causas de afastamento do trabalho. Isso demonstra a necessidade de as empresas lançarem um olhar para a saúde mental de um ponto de vista estratégico.
Promoção da saúde mental como inovação para as empresas
Essa foi a aposta da Ambev, uma das maiores empresas do país no mercado de bebidas com a criação da Diretoria de Saúde Mental. Segundo a entrevista concedida à Exame, a criação do espaço tem dois objetivos:
- Criação de ferramentas de suporte a situações de sofrimento mental que já estão em pauta.
- Atuação do ponto de vista da prevenção. Por meio da difusão de conhecimento e criação de ações dentro da empresa que promovam a saúde mental.
A inovação da Ambev deve ser situada em uma linha evolutiva contínua dentro da empresa. Da mesma forma como resultado de mudanças que vêm ocorrendo no mundo do trabalho ao longo do tempo. As competências comportamentais, as soft skills, têm cada vez mais valor dentro das empresas. Além disso, vale considerar que o desenvolvimento das soft skills está ligado a condições psicossociais que as favoreçam.
Podemos dizer que discutir saúde mental, criar estratégias que favoreçam a sua promoção e apoiar equipe já doente deve fazer parte do planejamento da empresa para melhorar o clima organizacional. E, assim, ter acesso a melhores resultados.
A saúde mental nas organizações é um aspecto que merece atenção, pois pode afetar negativamente indicadores como absenteísmo e turnover. Esses resultados, no entanto, são apenas a ponta do iceberg de um problema mais complexo. Por isso, é essencial fazer uma análise mais profunda e elaborar soluções que levem em conta os diversos fatores envolvidos, incluindo a saúde mental da equipe.