Doenças ocupacionais psicossociais: quais são? Como evitar?
As doenças ocupacionais psicossociais são condições que surgem como consequência do trabalho e podem agravar a saúde mental ou o comportamento dos funcionários.
Um estudo do Instituto Ipsos, em parceria com o Nubank, revelou que os brasileiros passam 74% do período de suas vidas com as obrigações diárias, o equivalente a 43 anos. Na maioria do tempo, dedicam-se às tarefas de seus empregos, que influenciam diretamente o cotidiano.
Sabe-se também que 970 milhões de pessoas vivem com distúrbios psicológicos, segundo relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde).
Sintomas como cansaço, falta de motivação, redução da produtividade e indisposição para interagir com colegas são motivos de alerta. Identificar e tratar essas condições é fundamental para garantir um ambiente de trabalho sadio e eficiente.
Neste artigo, você descobrirá quais são as doenças psicossociais no trabalho, como identificar os riscos e evitá-los.
Quais são as doenças psicossociais no trabalho?
Os principais tipos de doenças ocupacionais psicossociais são:
- Síndrome de Burnout;
- Síndrome do Pânico;
- Transtorno de Estresse Pós-Traumático;
- Ansiedade generalizada;
- Depressão;
- Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
Conheça os sintomas e o impacto de cada condição a seguir.
1. Síndrome de Burnout
A OMS reconhece o burnout como uma das doenças ocupacionais psicossociais desde 2022. Os principais sinais dessa patologia são o esgotamento mental e físico, sentimentos negativos em relação ao trabalho e queda na eficiência.
Tarefas desgastantes, poucos períodos de descanso e momentos constantes de tensão e estresse são agravantes para esse estado.
Leia também: Formas de prevenção à síndrome de Burnout
2. Síndrome do Pânico
A Síndrome do Pânico é um transtorno de ansiedade que pode desencadear devido a situações de estresse extremo, em que os indivíduos passam por crises repentinas com forte sensação de medo ou mal-estar.
Esses ataques podem ou não surgir junto a palpitações, suor, tremores, falta de ar, entorpecimento ou a sensação de que algo terrível está para acontecer.
3. Transtorno de Estresse Pós-Traumático
Como o próprio nome sugere, o Transtorno Pós-Traumático (TEPT) tem origem em situações extremas que a vítima vivenciou ou testemunhou, como assaltos e acidentes graves de trabalho.
Manifesta-se em forma de pesadelos, memórias repentinas (flashbacks), fuga de situações que relembram o trauma, reações exageradas a estímulos, ansiedade e hipervigilância.
4. Ansiedade Generalizada
O Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) gera uma preocupação exagerada e constante sem motivos aparentes. Os sintomas são similares aos da Síndrome do Pânico, mas, nesse caso, são menos intensos e mais duradouros.
No trabalho, transparece a agitação, dificuldade de concentração e fadiga.
5. Depressão
A depressão é uma doença ocupacional psicossocial alarmante. Suas principais características são a angústia, tristeza profunda, perda de prazer na realização das tarefas e desmotivação.
O colaborador pode ter uma queda na energia e na produtividade e, sem o devido tratamento, pode gerar absenteísmo, intensificação do quadro e o aumento do risco de suicídio.
6. Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
O TOC é uma ansiedade crônica que provoca pensamentos e rituais repetitivos incontroláveis. O comportamento se torna uma doença quando é excessivo e interfere na vida cotidiana, como afetar negativamente a saúde, o trabalho ou os relacionamentos.
Um exemplo desse caso pode ser um funcionário que precisa lavar as mãos com frequência, obsessivamente. Assim, pode interromper uma reunião importante ou abandonar uma ligação com um cliente só para realizar esse ritual.
A tentativa de evitar essas compulsões faz com que a pessoa tenha a impressão de que uma situação ruim está por vir.
O que diz a NR-01 sobre os riscos psicossociais?
Segundo a nova Norma Regulamentadora Nº 1 (NR-1), o cuidado com a saúde mental no ambiente corporativo agora também é lei.
Essa atualização reforça a importância de um ambiente de trabalho saudável e livre de qualquer forma de violência. A norma exige que as empresas documentem e monitorem os riscos psicossociais de maneira sistemática.
A documentação adequada é importante para identificar problemas e implementar medidas corretivas eficazes. Portanto, é necessário realizar avaliações regulares e manter registros detalhados para garantir a conformidade com a norma.
Como identificar riscos psicossociais no trabalho?
Identificar riscos psicossociais no trabalho requer uma análise cuidadosa das condições e dinâmicas do ambiente organizacional, como excesso de demandas e relações tóxicas. Ao analisar atitudes de absenteísmo, queda de produtividade e observar a cultura corporativa, é possível reconhecer fatores que comprometem o bem-estar e a saúde mental dos colaboradores.
Conheça algumas técnicas e ferramentas que ajudam na identificação.
Avalie o ambiente físico e organizacional
Observe se a empresa tem infraestrutura adequada e oferece condições ergonômicas. O local deve ser seguro, ter conforto térmico, iluminação e uso de ferramentas adequadas.
Além disso, identifique jornadas extensas e excesso de tarefas que podem provocar estresse e esgotamento.
Analise a qualidade das relações interpessoais
Como são os relacionamentos na empresa? Investigue a presença de conflitos, assédio, discriminação ou falta de suporte entre colegas e gestores. A toxicidade no trabalho contribui significativamente para riscos psicossociais.
Examine a cultura organizacional
A organização deve promover um ambiente de respeito, valorização e reconhecimento. Uma cultura que ignora o bem-estar dos funcionários pode intensificar as doenças ocupacionais psicossociais.
Realize entrevistas e pesquisas
Conduzir pesquisas anônimas e entrevistas individuais ajuda a identificar percepções sobre a carga de trabalho, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e satisfação com a empresa.
Avaliações de risco psicossocial são importantes para prevenir impactos negativos na saúde mental dos colaboradores, melhorar o ambiente de trabalho, reduzir ausências, aumentar a eficiência e promover relações interpessoais sadias.
Como evitar as doenças ocupacionais psicossociais?
De acordo com o modelo da OMS para ambientes corporativos, quatro áreas devem contar com iniciativas saudáveis para evitar doenças psicossociais no ambiente de trabalho:
- a localização física do negócio: estrutura segura, boa condição do ar, treinamento para processos, medidas de proteção;
- o contexto psicossocial de trabalho: realocar ou reduzir demandas, demonstrar reconhecimento, oferecer recompensas e apoio de supervisores, ensinar sobre assédio e prevenção de conflitos;
- recursos pessoais de saúde: providenciar opções de alimentos saudáveis em cafeterias e máquinas de venda, flexibilidade no tempo de trabalho, serviços médicos, educação sobre saúde;
- envolvimento da empresa na comunidade: controlar poluição e emissão de carbono, adotar políticas de igualdade de gênero e proteção de outros grupos, fornecer assistência médica acessível e programas de promoção da saúde mental e bem-estar.
Essas medidas incluem ações conjuntas na empresa. Enquanto empresários investem nas iniciativas, gerentes e supervisores podem reconhecer sinais de problemas psicossociais, apoiar colaboradores com empatia e implementar uma gestão humanizada.
Com suporte e treinamento, trabalhadores conseguem praticar o autoconhecimento, comunicar necessidades e adotar práticas saudáveis, como pausas regulares e gerenciamento do tempo.
Conheça o Inventário Psicossocial da Mapa HDS
O Inventário Psicossocial da Mapa HDS avalia os fatores que podem ter um impacto significativo na presença ou na ausência de riscos psicossociais, com uma análise que envolve a mensuração de dimensões sociais e sua interação com o ambiente laboral, características e condições de trabalho.
Dessa forma, o instrumento facilita o entendimento de fatores de riscos que impactam na saúde, satisfação e desempenho dos colaboradores de uma empresa.
O Inventário avalia fatores como:
- saúde e bem-estar: identifica condições relativas à saúde física e mental que podem impactar na realização de tarefas;
- identidade: aspectos relacionados à identificação do profissional com seu trabalho, com o que busca e espera de uma organização;
- relação com grupos sociais externos: parâmetros da vida familiar que apresentam alguma interferência prejudicial na rotina corporativa e vice-versa;
- relações interpessoais: vivências na organização em relação à profissionais de diferentes hierarquias e circunstâncias organizacionais;
- competências/exigências emocionais e cognitivas: atitudes de atenção ou cuidado que o sujeito e a empresa possuem em relação mútua;
- condições e estrutura de trabalho: classifica emoções e comportamentos como possibilidade destes contextos impactarem ou não em sua saúde emocional e na capacidade de execução da tarefa.
A atuação da Mapa HDS vai além do mapeamento de fatores como assédio moral e sexual, porque:
- avaliamos colaboradores com diagnósticos individuais, coletivos e organizacionais;
- temos indicadores específicos para avaliação de riscos, prevenção de acidentes e saúde emocional;
- contamos com indicadores de risco de acidente por precipitação e por negligência.
Dessa forma, é possível evitar comportamentos prejudiciais e estabelecer uma relação entre produtividade e bem-estar.
Converse com um especialista e tome decisões com embasamento científico!