Quais os tipos de assédio no trabalho? 7 ações de prevenção

Reconhecer os diferentes tipos de assédio no trabalho e adotar medidas contra essa prática é essencial para a promoção de um ambiente laboral saudável. Afinal, tal conduta não apenas prejudica a saúde física e emocional das vítimas, mas também compromete o desempenho de suas funções e mancha a imagem da organização.
Após a recente atualização, a Norma Regulamentadora n.º 01 (NR-01) identifica o assédio como um risco psicossocial.
Adicionalmente, define que, para evitar o adoecimento mental, as empresas devem implementar medidas eficazes para gerenciar ameaças, como assédio moral e sexual, no ambiente de trabalho.
“Os riscos psicossociais têm causado enormes impactos na saúde mental dos trabalhadores. Essa atualização da Norma é um passo importante para lidar com essa realidade”, afirma Rogério Araújo, diretor do Departamento de Segurança no Trabalho.
Para se adequar, as empresas devem adotar abordagens proativas para identificar, prevenir e responder ao assédio, a fim de proteger os trabalhadores e construir um espaço laboral seguro. Sua companhia já se adequou à nova NR-01?
Neste conteúdo, mostramos quais os tipos de assédio no ambiente de trabalho, explicamos como identificar casos e compartilhamos estratégias de prevenção.
NR-01 identifica o assédio como um risco psicossocial
A Norma Regulamentadora n.º 01 (NR-01), que estabelece diretrizes para a gestão da saúde e segurança no trabalho, passou por revisão e agora inclui, explicitamente, o assédio como um dos fatores de risco que as organizações devem gerenciar.
Essa mudança reflete uma maior conscientização sobre os efeitos nocivos dessas condutas no ambiente de trabalho, tanto em termos de saúde mental dos trabalhadores quanto no impacto na produtividade e no clima organizacional.
Com a mudança, as empresas devem adotar medidas preventivas e corretivas para identificar, controlar e monitorar situações que possam levar ao assédio, como:
- implementação de políticas claras de tolerância zero ao assédio;
- treinamento de empregados e lideranças para reconhecer e lidar com o problema;
- criação de canais seguros e confidenciais para denúncias.
A NR-01 estabelece uma abordagem sistêmica e formalizada que leva as organizações a tratarem o assédio como uma questão prioritária e estratégica, de modo a contribuir para um ambiente de trabalho mais seguro e inclusivo.
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O que é assédio no trabalho?
O assédio é um comportamento abusivo e indesejado, que ocorre reiteradamente e se manifesta por meio de atos, palavras ou gestos físicos, verbais ou psicológicos. De modo geral, visa intimidar, humilhar, desestabilizar ou prejudicar a vítima e normalmente envolve uma relação desigual de poder entre assediador e assediado.
Quais os tipos de assédio no trabalho?
O assédio moral e o assédio sexual são os principais tipos de assédio no ambiente de trabalho. Em geral, as condutas incluem práticas indesejadas e frequentes, que constrangem as vítimas e envolvem um desequilíbrio na relação de poder, na qual o agressor exerce controle ou influência sobre a pessoa assediada.
Confira, a seguir, mais detalhes sobre cada uma das modalidades.
Assédio moral
Conforme definido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o assédio moral consiste em condutas abusivas repetidas, como gestos, palavras, atos e atitudes, que prejudicam a dignidade ou a integridade física, ou psicológica do trabalhador.
Tais comportamentos podem incluir a constante crítica ao trabalho do indivíduo, sobrecarga de tarefas ou exclusão do trabalhador, ignorar sua presença, espalhar rumores ofensivos, gritar ou ameaçar sua integridade física.
Esse tipo de assédio pode gerar consequências graves para as vítimas, como:
- redução da autoestima;
- desmotivação;
- baixa produtividade;
- aumento de erros e acidentes;
- absenteísmo;
- licenças médicas frequentes.
Ademais, há impactos para a empresa, visto que a prática pode aumentar a rotatividade e prejudicar a reputação da instituição.
Assédio sexual
Na Cartilha sobre Violência e Assédio Sexual no Trabalho, o Ministério Público do Trabalho (MPT) define assédio sexual como:
“Conduta de natureza sexual manifestada por contato físico, bem como por palavras — verbalizadas ou escritas —, gestos ou outros meios, propostas ou impostas à pessoa contra sua vontade, causando-lhe constrangimento e violando a sua liberdade sexual”.
As consequências do assédio sexual para a vítima podem incluir:
- depressão;
- estresse;
- insônia;
- redução da capacidade de concentração;
- isolamento;
- problemas de peso;
- aumento da pressão arterial;
- abuso de substâncias;
- pensamentos suicidas.
Já o Código Penal, em seu artigo 216-A, define assédio sexual como:
“Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função.”
A pena prevista pela Lei n.º 10.224 é de detenção de um a dois anos.
Ambas as formas de assédio geram impactos profundos e duradouros no bem-estar dos indivíduos. Logo, é essencial que as empresas implementem políticas eficazes de prevenção para proteger os trabalhadores e promover um ambiente de trabalho seguro e respeitoso.
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7 estratégias de prevenção de assédio no trabalho
Criar um ambiente seguro e saudável requer uma postura firme, que trate o tema como prioridade. Confira exemplos de estratégias de prevenção ao assédio:
1. Estabeleça políticas de tolerância zero ao assédio
Crie políticas claras contra qualquer tipo de assédio no trabalho e as comunique a todos os trabalhadores. Essa medida inclui especificar o que se considera assédio, as consequências para os infratores e os procedimentos para denúncia.
2. Promova treinamentos regulares sobre assédio
A educação é um ponto importante na prevenção. Portanto, realize treinamentos frequentes sobre os tipos de assédio no trabalho para ensinar empregados e gerentes a reconhecerem comportamentos suspeitos e como reportá-los.
Manter a regularidade nesses eventos ajuda a reforçar a seriedade do assunto e atualizar os participantes sobre quaisquer mudanças nas políticas ou leis relevantes.
3. Implemente canais de denúncia acessíveis, seguros e anônimos
Criar e divulgar canais seguros para denúncias é fundamental. Os empregados devem se sentir amparados para reportar incidentes, sem medo de retaliação.
4. Ofereça o apoio adequado às vítimas
As vítimas devem receber suporte psicológico e jurídico, a fim de garantir que possam se recuperar do trauma e continuar a desempenhar suas funções com segurança.
5. Encoraje uma comunicação respeitosa
Oriente os trabalhadores sobre a importância de evitar linguagem ofensiva e comentários inapropriados. Esse tipo de medida ajuda a construir um ambiente de trabalho positivo e acolhedor.
6. Incentive o comprometimento de todos com a causa
É fundamental não ignorar condutas suspeitas. Manter o silêncio diante de comportamentos inadequados ou abusivos contribui para a perpetuação dessas práticas e pode solidificar o assédio no ambiente de trabalho. Logo, assumir uma postura proativa e responsiva é a chave para erradicar o problema.
7. Promova uma investigação séria e a responsabilização dos culpados
Aborde as denúncias com seriedade, defina um plano sólido para a investigação dos casos e estabeleça ações disciplinares para os infratores. A firmeza na aplicação deste protocolo é essencial para que as pessoas se sintam seguras.
Quando implementadas, essas estratégias contribuem para reduzir significativamente a incidência de todo tipo de assédio no trabalho e auxiliam na construção de uma cultura organizacional de respeito e inclusão.
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Como identificar casos de assédio no trabalho?
Os diferentes tipos de assédio no trabalho constituem problemas reais, que ocorrem sistematicamente em diversas empresas. É um problema grave, que exige atenção especial.
Além da adoção de canais de denúncias e do treinamento dos profissionais sobre o tema, há outra estratégia eficiente para identificar casos de assédio no trabalho, que envolve a aplicação de recursos técnicos voltados a uma investigação profunda.
Como o Inventário Psicossocial da Mapa, um instrumento cientificamente validado, capaz de identificar, controlar e monitorar riscos psicossociais no ambiente laboral.
A ferramenta possibilita investigar ações recorrentes e sistemáticas que provocam constrangimento, como agressões verbais, chantagem, exposição de informações pessoais, comentários pejorativos sobre religião, orientação sexual e etnia.
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