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Quase 3 milhões de pessoas morrem a cada ano devido a acidentes e doenças de trabalho

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Trabalhar por longos períodos sem descanso adequado constitui um dos maiores riscos psicossociais, segundo OIT

Todos os anos, quase três milhões de trabalhadores morrem devido a acidentes e doenças de trabalho, de acordo com estimativas da Organização Internacional do Trabalho (OIT). A maioria das mortes, 2,6 milhões de vítimas, deve-se a doenças ocupacionais – como longas jornadas.

Além disso, os acidentes de trabalho são responsáveis por outras 330 mil mortes, segundo a análise. As doenças circulatórias, as neoplasias malignas e as doenças respiratórias estão entre as três principais causas de morte relacionada com o trabalho. Juntas, essas três categorias contribuem com mais de três quartos da mortalidade total relacionada com o trabalho.

Fatores de risco no ambiente de trabalho

De acordo com as estimativas, mais de 395 milhões de trabalhadores em todo o mundo sofreram uma lesão no trabalho não fatal. Além disso, cerca de 2,93 milhões de trabalhadores morreram como resultado de fatores relacionados ao trabalho, um aumento de mais de 12 por cento em comparação com 2000. 

A realidade é que os trabalhadores continuam sofrendo de lesões e doenças relacionadas ao trabalho, alguns perdendo suas vidas devido à exposição a uma variedade de riscos ocupacionais. Esses riscos incluem segurança física, perigos biológicos, substâncias químicas e perigosas, além de riscos ergonômicos e psicossociais. Veja dois deles:

Jornada excessiva

A jornada de trabalho excessiva tem sido uma preocupação crescente em todo o mundo. Com a crescente demanda por produtividade e a pressão para alcançar metas, muitos trabalhadores se veem envolvidos em jornadas de trabalho longas e extenuantes. Embora essa dedicação possa parecer valiosa em termos de produtividade, os impactos na saúde mental dos trabalhadores podem ser significativos. 

Na verdade, trabalhar por longos períodos sem descanso adequado constitui um dos maiores riscos psicossociais nos ambientes de trabalho modernos. A pesquisa da OIT aponta que essas longas horas são responsáveis por aproximadamente 750 mil mortes anuais, destacando a necessidade de reavaliação das normas laborais e implementação de políticas que restrinjam o número de horas trabalhadas​.

Inclusive, a pressão por produtividade frequentemente resulta em jornadas de trabalho prolongadas, que estão diretamente ligadas ao aumento de casos de doenças cardíacas e AVCs. A exposição contínua a essas condições pode aumentar o risco de morte prematura por essas doenças em até 35% para AVC e 17% para doenças cardíacas, comparado com quem trabalha menos de 40 horas por semana​.

Vale destacar que, desde 2000, o número de mortes relacionadas a longas jornadas aumentou significativamente: 42% para doenças cardíacas e 19% para AVCs.

Exposição a substâncias perigosas

A exposição a fatores como poluição do ar no ambiente de trabalho também é um fator crítico, responsável por cerca de 450 mil mortes por ano. Esses números destacam a necessidade urgente de políticas de saúde ocupacional mais eficazes, como a limitação das horas de trabalho e a melhoria nas condições de segurança e saúde nos locais de trabalho. 

Outros dados alarmantes

  • A OIT destaca que 374 milhões de pessoas se ferem ou ficam doentes por conta do trabalho. A agência afirma que nenhum trabalho deve ameaçar a segurança, o bem-estar ou a vida dos trabalhadores. 
  • As principais causas de morte relacionadas ao trabalho são: Doenças circulatórias (31%), Câncer relacionado ao trabalho (26%), Doenças respiratórias (17%).
  • No Brasil, a violência urbana é a principal causa de morte fatal em acidentes de trabalho. Entre 2016 e 2022, 15,9 mil pessoas morreram em acidentes de trabalho no país, o que representa um aumento de 25,4%. 
  • Para prevenir acidentes de trabalho, as empresas podem seguir a Norma Regulamentadora 1 (NR-1) e trabalhar em conjunto com a área da saúde para identificar riscos e mapear exames ocupacionais.

O estudo serve como um lembrete da necessidade de melhorar as condições de trabalho globalmente. Medidas preventivas, como regulamentações mais estritas sobre horários de trabalho e melhor monitoramento das condições de saúde no trabalho, são essenciais para mitigar o risco de doenças ocupacionais e melhorar a saúde e a segurança dos trabalhadores.

Veja: Governo Federal atualiza NR-01: empresas devem gerenciar riscos psicossociais

Impactos dos riscos para os trabalhadores e para a empresa

Para os trabalhadores

  1. Saúde física: O aumento das horas de trabalho está relacionado a  problemas de saúde como doenças cardiovasculares, distúrbios musculoesqueléticos, fadiga crônica e diminuição da imunidade. Esses problemas podem levar a um maior número de dias de doença e a uma saúde geral deteriorada.
  2. Saúde mental: As longas jornadas frequentemente contribuem para o estresse, ansiedade e depressão. O esgotamento profissional torna-se um risco real, afetando a satisfação no trabalho e a capacidade de manter o foco e a motivação. Inclusive, a pesquisa destaca que o desgaste emocional pode reduzir o nível de alerta e a percepção, aumentando assim o risco de acidentes e de decisões inadequadas.
  3. Relacionamentos e vida social: O equilíbrio entre trabalho e vida pessoal é severamente comprometido quando os trabalhadores passam mais tempo no escritório do que em casa. Isso pode resultar em tensão em relacionamentos pessoais e uma redução nas atividades sociais, afetando negativamente a qualidade de vida.
doencas de trabalho

Confira: 48% da população já está com sintomas de Burnout: o que isso significa para as empresas?

Para a empresa

  1. Produtividade: Embora inicialmente possa parecer que longas horas levam a maior produtividade, o oposto muitas vezes ocorre devido ao cansaço e ao desgaste dos funcionários. A produtividade per capita pode diminuir, e os erros podem se tornar mais frequentes.
  2. Custo de saúde e absenteísmo: Os problemas de saúde dos funcionários podem se traduzir em custos mais altos com seguros de saúde e um aumento nas ausências, afetando as operações diárias e aumentando os custos indiretos.
  3. Rotatividade de empregados: A insatisfação com as condições de trabalho pode levar a uma maior rotatividade, forçando a empresa a investir significativamente em recrutamento e treinamento de novos trabalhadores.
  4. Reputação da empresa: Práticas de trabalho pobres podem afetar a imagem da empresa, tornando-a menos atraente para potenciais talentos e possivelmente afetando a lealdade do cliente, especialmente em mercados onde a responsabilidade social corporativa é valorizada.

Acesse: 11 fatores psicossociais que podem afetar a saúde dos seus trabalhadores

Estratégias para mitigar riscos psicossociais

Em novembro de 2023, a OIT adotou uma nova estratégia global de OSH para apoiar os seus constituintes na promoção e realização progressiva do direito fundamental a um ambiente de trabalho seguro e saudável. 

A estratégia busca reduzir fatalidades, lesões e doenças ocupacionais globalmente, melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e aumentar a produtividade e sustentabilidade das empresas. Ela também destaca a importância de acelerar ações para criar uma cultura preventiva de segurança e saúde, além de promover a justiça social, protegendo a saúde dos trabalhadores.

A nova estratégia adota princípios transversais, priorizando os padrões internacionais de trabalho e o diálogo social, além de aplicar uma abordagem inclusiva, centrada no ser humano e transformadora em termos de gênero. Ela também reforça o princípio da prevenção ao longo de todo o ciclo de vida do trabalhador.

Para diminuir riscos psicossociais no ambiente de trabalho, as empresas podem implementar estratégias como:

  1. Políticas de trabalho flexíveis: Adotar horários flexíveis e possibilitar o trabalho remoto para reduzir o estresse e melhorar o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
  2. Cultura organizacional saudável: Promover uma cultura que valorize a eficiência e a produtividade dentro das horas de trabalho regulares, desencorajando práticas de trabalho excessivo.
  3. Suporte à saúde mental: Oferecer programas de bem-estar e acesso a serviços de aconselhamento psicológico para ajudar os trabalhadores a lidar com o estresse e outros problemas de saúde mental.
  4. Treinamento de gestores: Capacitar líderes e gestores para que possam motivar suas equipes de maneira eficaz, focando no bem-estar dos colaboradores e reconhecendo a importância de manter um ambiente de trabalho saudável e equilibrado.
  5. Campanhas de sensibilização: realizar treinamentos e campanhas para aumentar a conscientização sobre os riscos psicossociais e a importância de um ambiente de trabalho saudável.
  6. Feedback contínuo: criar canais para que os colaboradores possam fornecer feedback sobre as ações implementadas e sugerir melhorias.

Essas medidas podem ajudar a criar um ambiente de trabalho mais seguro e saudável, minimizando os riscos psicossociais e melhorando a satisfação e a produtividade dos funcionários.

Utilize a ferramenta certa de avaliação psicossocial

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Escolher a ferramenta certa depende do contexto da organização e dos objetivos específicos da avaliação. O Inventário Psicossocial, desenvolvido pela Mapa HDS, avalia os fatores que podem ter um impacto significativo na presença ou na ausência de riscos psicossociais. 

Essa análise envolve a mensuração de dimensões sociais como aspectos familiares, qualidade de vida, saúde e bem-estar e relacionamento interpessoal buscando o entendimento de como se dá a interação de tais fatores com o ambiente laboral, relações hierárquicas, características e condições de trabalho.

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Em suma, podemos dizer que um ambiente de trabalho seguro e saudável não é apenas um princípio fundamental e um direito no trabalho, mas também um requisito essencial para fomentar o crescimento econômico sustentável e inclusivo, emprego pleno e produtivo e trabalho decente para todos.