| |

Ergonomia no manejo dos fatores psicossociais no trabalho

ergonomia

A crescente prevalência de problemas de saúde mental relacionados ao trabalho tem se mostrado um desafio significativo, impactando não apenas os trabalhadores e suas famílias, mas também as empresas e a sociedade como um todo. Os fatores psicossociais, que incluem condições relacionadas ao ambiente de trabalho e à organização do trabalho, são reconhecidos por seu potencial em afetar tanto a saúde psicológica quanto física dos trabalhadores. A ergonomia, embora comumente associada ao design físico do local de trabalho, também desempenha um papel crucial na mitigação desses efeitos adversos ao incorporar considerações sobre a saúde mental.

Entendendo os fatores psicossociais

Os fatores psicossociais referem-se a condições relacionadas ao ambiente de trabalho e à organização do trabalho que têm potencial para afetar tanto a saúde psicológica quanto a física dos trabalhadores. 

Eles incluem aspectos como carga de trabalho, controle sobre o trabalho, exigências emocionais, suporte social, clareza de papel e respeito e reconhecimento no trabalho. A forma como esses fatores são percebidos pelos trabalhadores pode levar a problemas de saúde mental e física, incluindo estresse, burnout e doenças relacionadas ao trabalho.

Saiba mais: 11 fatores psicossociais que podem afetar a saúde dos seus trabalhadores

Por que se preocupar com os fatores psicossociais?

A preocupação com os fatores psicossociais no ambiente de trabalho é fundamental, não apenas devido ao seu impacto direto sobre a saúde e bem-estar dos colaboradores, mas também por suas amplas repercussões econômicas globais. 

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) de 2022 revelam uma realidade alarmante: em 2019, 301 milhões de pessoas sofreram com transtornos de ansiedade e 280 milhões com transtornos depressivos, enquanto 703 mil pessoas perderam a vida para o suicídio.

Esses números destacam a saúde mental como um grave problema mundial, exigindo uma resposta imediata e coordenada. Além disso, cerca de 15% da população adulta em idade economicamente ativa enfrentou pelo menos um episódio de transtorno mental no mesmo período, ressaltando a prevalência dessas condições em um segmento vital da sociedade. O impacto econômico é igualmente severo, com transtornos depressivos e de ansiedade custando cerca de 1 bilhão de dólares anualmente à economia global.

Portanto, investir em políticas de saúde mental no ambiente de trabalho não é apenas uma questão de cuidado humano, mas também uma decisão econômica estratégica. É essencial promover a conscientização, garantir acesso a recursos adequados e proporcionar apoio efetivo para aqueles que enfrentam esses desafios, transformando o ambiente de trabalho em um espaço que suporta a saúde mental e contribui para a redução de custos associados a esses transtornos.

NR-17 e fatores psicossociais?

A Norma Regulamentadora 17 (NR 17) é fundamental no conjunto de regulamentações brasileiras sobre saúde e segurança no trabalho, pois foca na adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos empregados para promover conforto, segurança e eficiência. A norma abrange desde a ergonomia do posto de trabalho até a manipulação de materiais, o mobiliário, os equipamentos e as condições ambientais.

Um aspecto importante da NR 17 é a Análise Ergonômica do Trabalho (AET), que, embora não mencione explicitamente os fatores psicossociais, permite uma análise que pode integrar essas dimensões. Isso é crucial para entender e remodelar o ambiente de trabalho, visando a prevenção de doenças e acidentes ocupacionais e a promoção da saúde e do bem-estar geral. 

A capacidade de analisar aspectos psicossociais durante uma AET representa um avanço significativo, ajudando as organizações a identificar e mitigar condições que podem causar estresse psicológico ou outros problemas de saúde mental. Assim, mesmo não sendo explicitamente mencionados, os fatores psicossociais são considerados na aplicação prática da NR 17, contribuindo para um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo.

Veja: Você sabia que a atualização da NR-01 identifica o assédio como um risco psicossocial?

Entendendo a ergonomia da atividade

A ergonomia da atividade é uma abordagem que vai além do design físico de ferramentas e espaços de trabalho para incluir também as dimensões psicológicas e organizacionais do trabalho. 

Essa prática envolve a análise e a adaptação do ambiente de trabalho para melhor atender às características físicas e psicológicas dos trabalhadores, promovendo não só o conforto físico, mas também o bem-estar mental. 

Ao considerar como as tarefas são organizadas, os ritmos de trabalho, as demandas cognitivas e as relações sociais no ambiente laboral, a ergonomia da atividade busca reduzir o estresse ocupacional e prevenir problemas de saúde mental. 

Essa abordagem é fundamental, pois reconhece que o desempenho e a saúde dos trabalhadores são influenciados por uma interação complexa entre fatores físicos e psicossociais, proporcionando assim soluções mais integradas e eficazes.

Estratégias ergonômicas para gerenciar fatores psicossociais

Design e layout do local de trabalho

Um ambiente de trabalho ergonomicamente planejado é essencial para reduzir o estresse e aumentar a satisfação dos colaboradores. Isso envolve a disposição inteligente do espaço físico, o que inclui a localização de equipamentos e mobiliário de forma que promova o fluxo natural de movimento e minimiza a necessidade de esforços desnecessários. 

Áreas de descanso bem posicionadas e confortáveis são cruciais, pois proporcionam aos trabalhadores locais adequados para recuperar a energia. A iluminação adequada é fundamental, evitando a fadiga visual e melhorando o foco, enquanto o controle de ruídos pode significativamente diminuir os níveis de estresse. 

Tudo isso, quando combinado, cria um ambiente que não só apoia a saúde física dos trabalhadores como também influencia positivamente seu bem-estar psicológico, contribuindo para um ambiente de trabalho mais produtivo e menos propenso a conflitos e insatisfações.

Organização do trabalho

A organização do trabalho é um pilar fundamental para a saúde ocupacional. Estruturar adequadamente os horários, incluir pausas estratégicas e promover a rotação de tarefas são estratégias eficazes para mitigar a monotonia e a sobrecarga — ambos fatores conhecidos por contribuir para o estresse no trabalho. 

Quando os trabalhadores têm maior controle sobre suas rotinas e participam ativamente nas decisões relacionadas ao seu trabalho, há um aumento natural na satisfação e no engajamento. Isso não só melhora o ambiente de trabalho, mas também potencializa a produtividade. 

Além disso, ajustes na organização do trabalho podem ajudar a alinhar as demandas do trabalho com as capacidades dos trabalhadores, promovendo um equilíbrio saudável entre vida pessoal e profissional e reduzindo o risco de burnout.

Suporte social e cultura organizacional

O suporte social e uma cultura organizacional forte e positiva são vitais para a saúde mental e a eficácia no trabalho. Um ambiente onde os trabalhadores se sentem valorizados, reconhecidos e apoiados promove não apenas a lealdade e a motivação, mas também a resiliência psicológica. 

Implementar políticas que fomentem o suporte entre colegas e a colaboração, além de oferecer treinamentos em liderança e gerenciamento de conflitos, pode fortalecer as relações interpessoais e melhorar a comunicação dentro da equipe. Uma liderança eficaz que priorize a transparência e o reconhecimento contribui para um ambiente de trabalho menos estressante e mais produtivo, onde conflitos são gerenciados de maneira construtiva e as contribuições individuais são valorizadas.

Treinamento e capacitação

Oferecer treinamento focado em ergonomia é crucial para capacitar os trabalhadores a adaptarem suas atividades e o ambiente de trabalho para prevenir o estresse e outros problemas de saúde mental. Esses treinamentos devem abordar como ajustar posturas, organizar o espaço de trabalho para reduzir o desconforto físico e como utilizar corretamente as ferramentas disponíveis. 

Além disso, é importante que esses programas educacionais incluam componentes sobre a identificação e o gerenciamento do estresse e outras preocupações psicossociais. Ao entenderem melhor como suas interações diárias com o ambiente de trabalho e com os colegas afetam sua saúde, os trabalhadores podem tomar medidas proativas para manter seu bem-estar, contribuindo para uma força de trabalho mais informada, saudável e resiliente.

Inventário Psicossocial da Mapa HDS para avaliar fatores psicossociais

AD 4nXdH7g3YgBI4QieBUq7iqG8v Pv72ndeBLbNw

O Inventário Psicossocial da Mapa HDS avalia os fatores que podem ter um impacto significativo na presença ou na ausência de riscos psicossociais, com uma análise que envolve a mensuração de dimensões sociais e sua interação com o ambiente laboral, características e condições de trabalho.

O instrumento facilita o entendimento dos fatores de riscos psicossociais que impactam na saúde, satisfação e desempenho dos colaboradores de uma empresa.

Utilizamos instrumentos e soluções próprias que permitem uma análise profunda de aspectos psicológicos, antropológicos, sociológicos e econômicos que impactam as atividades profissionais das pessoas no ambiente de trabalho.

Previna riscos psicossociais no ambiente de trabalho

Conclusão

Integrar a ergonomia na gestão dos fatores psicossociais não é apenas uma estratégia de prevenção de riscos, mas também uma prática de promoção da saúde e bem-estar no ambiente de trabalho. À medida que mais organizações reconhecem a importância de abordar tanto os aspectos físicos quanto psicossociais do trabalho, a ergonomia continua a ser uma ferramenta valiosa na criação de locais de trabalho mais seguros, saudáveis e humanizados. 

A chave para o sucesso reside na implementação de estratégias ergonômicas adaptadas às necessidades específicas dos trabalhadores e da organização, garantindo assim um ambiente de trabalho onde todos possam prosperar. Ao considerar essas estratégias e exemplos, as organizações podem desenvolver um ambiente de trabalho que não apenas minimize os riscos ergonômicos e psicossociais, mas também promova uma cultura de saúde e segurança duradoura.

Quer saber mais sobre como identificar, controlar e monitorar fatores psicossociais na sua empresa? Fale conosco!