Avaliação psicossocial: como aplicar? Guia definitivo!

A avaliação psicossocial é uma ferramenta importante para a compreensão das dinâmicas e interações em uma organização. Ao fazer essa análise, é possível identificar fatores que influenciam o comportamento, o bem-estar e o desempenho dos empregados.
Além disso, sua aplicação possibilita um diagnóstico organizacional detalhado. Assim, as empresas conseguem desenvolver ações para promover melhorias no ambiente de trabalho, inclusive em relação à saúde mental.
Aliás, essa questão ganha ainda mais relevância em nosso país. Conforme levantamento do Instituto Ipsos, 54% dos brasileiros afirmam que a saúde mental é um dos principais problemas enfrentados pela população. O estudo também revela que 41% dos brasileiros se sentem estressados, aspecto que afeta a execução das demandas laborais.
Diante desse cenário, o governo brasileiro determinou a obrigatoriedade da avaliação psicossocial nas empresas. A Norma Regulamentadora 01 (NR-01) faz essa exigência e entra em vigor a partir de 26 de maio de 2026.
Então, como aplicar essa ferramenta de forma eficaz? Neste post, criamos um guia completo para profissionais de RH se atualizarem sobre o assunto. Boa leitura!
O que é a avaliação psicossocial?
É um processo que analisa os fatores pessoais e sociais que influenciam o comportamento das pessoas em um ambiente organizacional. O objetivo é identificar fatores de estresse, verificar interações sociais e avaliar o impacto do trabalho na saúde mental das pessoas que atuam na empresa.
A prática também é chamada de teste psicossocial e determina como diferentes elementos afetam o bem-estar e a produtividade. Os principais aspectos que geram prejuízos incluem:
- cargas de trabalho excessivas;
- prazos apertados;
- conflitos interpessoais;
- falta de suporte adequado.
No final das contas, o propósito de compreender o que é a avaliação psicossocial é promover uma cultura de trabalho mais coesa e colaborativa. Ao alcançar esse patamar, a qualidade de vida dos empregados aumenta.
O que são doenças psicossociais ocupacionais?
São distúrbios mentais e emocionais relacionados às condições de trabalho. Surgem da exposição prolongada a fatores como estresse, pressão por resultados, assédio ou falta de apoio organizacional. Essas condições podem causar ansiedade, depressão, esgotamento profissional (burnout) e outras alterações que comprometem o bem-estar e o desempenho laboral.
Aliás, entender o que são doenças psicossociais ocupacionais é especialmente importante no Brasil. Somente em 2024, dados do Governo Federal indicam que o número de afastamentos do trabalho por saúde mental aumentou 68% em relação a 2023, totalizando 472.328 pedidos de licenças médicas.
A incidência de burnout é outro fator que reforça a urgência de as organizações abordarem as doenças psicossociais no ambiente de trabalho. Segundo um estudo publicado pela revista Human Resources for Health, aproximadamente 39% dos profissionais de saúde pública no mundo apresentam sinais de esgotamento profissional.
Esses achados evidenciam a importância de estratégias preventivas, principalmente com a NR-01 em vigor a partir do próximo ano. Entenda os detalhes a seguir!
Leia mais: Qual a importância do bem-estar no trabalho? 5 benefícios
Qual é a relação entre NR-01 e avaliação psicossocial?
A NR-01 estabelece as regras para a identificação de riscos relacionados à saúde mental e à segurança do trabalho no ambiente corporativo. Sua atualização entra em vigor no dia 26 de maio de 2026 e exige que as empresas incluam a avaliação psicossocial para prevenir o adoecimento mental.
Assim, o objetivo é a garantia de um ambiente seguro por meio da adoção de medidas corretivas e preventivas. Por exemplo, se a companhia identificar que determinado trabalhador está com muitas horas extras ou tem um banco de horas elevado, a equipe de RH pode criar ações para resolver esse problema, como:
- dar uma folga para eliminar ou reduzir as horas;
- redistribuir o trabalho para todo o grupo que forma a equipe;
- fazer contratações.
Portanto, a relação entre NR-01 e avaliação psicossocial é extremamente importante para gerenciar riscos e antecipar problemas. Consequentemente, é possível melhorar a produtividade, diminuir a rotatividade, aumentar a satisfação e tornar o clima organizacional mais positivo.
É o que comprova o estudo “Happiness at work: A Systematic Literature Review”. A pesquisa aponta que ambientes que promovem o bem-estar e a felicidade no trabalho resultam em equipes mais engajadas, criativas e produtivas.
A avaliação psicossocial é obrigatória?
Sim, a partir de 26 de maio de 2026, pois a NR-01 incluirá os fatores de risco psicossociais no Gerenciamento de Riscos Ocupacionais (GRO) obrigatoriamente. Até lá, a implementação ocorre em caráter educativo, com destaque para iniciativas que reforçam a importância da saúde mental no ambiente laboral.
Além disso, a mudança atribui às empresas a responsabilidade de implementar medidas para o gerenciamento desses riscos, de modo a garantir um ambiente sadio e seguro, capaz de prevenir doenças psicossociais ocupacionais. Portanto, esses fatores deverão constar no inventário de riscos ocupacionais, ao lado dos já reconhecidos riscos físicos, químicos, biológicos, de acidentes e ergonômicos.
Para saber mais sobre o conteúdo da NR-01 e entender o que muda com essa atualização, confira nossa live, em que abordamos o assunto em profundidade:
NR-01: Uma nova era na gestão de fatores psicossociais
Para que serve a avaliação psicossocial?
Sua aplicação contribui para:
- Identificar riscos psicossociais que afetam a saúde dos trabalhadores;
- Garantir a conformidade legal em relação às normas de segurança;
- Apoiar processos seletivos para mapear diferentes perfis de empregados;
- Gerenciar riscos psicossociais, o que permite intervenções eficazes;
- Melhorar a qualidade de vida dos empregados.
Entenda os detalhes a seguir!
1. Identificar riscos psicossociais
Permite detectar fatores de risco que prejudicam a saúde dos trabalhadores, como altos níveis de estresse, jornadas exaustivas e ambientes de trabalho tóxicos. Um exemplo é o caso de profissões que exigem a tomada de decisão rápida, como médicos plantonistas em emergência.
Em casos assim, a avaliação psicossocial serve para mapear os pontos críticos que causam sobrecarga. Com essa ferramenta, a organização consegue identificar falhas para adotar melhorias.
2. Garantir a conformidade legal
O cuidado com a segurança e saúde dos trabalhadores é um compromisso legal, especialmente em profissões de alto risco, como o trabalho em altura (NR-35) e em espaços confinados (NR-33). Nessas situações, é essencial que a empresa faça avaliações regulares, a fim de atender às normas de segurança.
3. Apoiar processos seletivos
Possibilita avaliar a adequação dos candidatos às exigências emocionais e sociais do cargo. Por exemplo, ao contratar um profissional para liderar uma equipe diversa, é importante saber se os candidatos têm as habilidades interpessoais necessárias para lidar com diferentes perfis de empregados.
4. Gerenciar riscos psicossociais
Ao identificar fatores de risco no ambiente, a empresa tem a oportunidade de adotar novas políticas e realizar intervenções para reduzir os efeitos negativos e aumentar a eficiência operacional.
Um exemplo é a adoção de uma cultura de feedback e a implementação de canais de comunicação interna para discutir questões emocionais de forma aberta e segura. Segundo estudo publicado no periódico Active Learning in Higher Education, diferentes modos de feedback podem gerar ganhos significativos de aprendizado, desde que transmitam clareza, estímulo e oportunidade de diálogo.
Para saber mais sobre o assunto, leia na sequência: Gerenciamento de riscos psicossociais: o que é e como fazer?
5. Melhorar a qualidade de vida dos empregados
Ao compreender os desafios presentes no dia a dia da equipe, é possível desenvolver soluções que incentivem o bem-estar. Por exemplo, com base na avaliação, a companhia pode identificar a necessidade de adotar programas de mindfulness, flexibilizar horários ou até implementar um sistema híbrido de trabalho.
Em conclusão, entender para que serve a avaliação psicossocial é importante para beneficiar tanto os trabalhadores quanto as organizações, já que sua função é criar um ambiente saudável e produtivo.
Quais são os benefícios da avaliação psicossocial?
Os benefícios são:
- Aumento da produtividade, pois a equipe se sente mais valorizada;
- Melhora do clima organizacional;
- Redução do absenteísmo e do presenteísmo;
- Aumento da segurança no trabalho;
- Conformidade com a legislação;
- Fortalecimento da imagem da marca;
- Promoção do equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
Explicamos todas as vantagens a seguir!
1. Aumento da produtividade
A identificação de fatores de estresse e insatisfação permite criar um ambiente laboral mais motivador e eficiente. Uma das consequências é o aumento da produtividade, já que a equipe se sente apoiada e valorizada, o que aumenta o engajamento.
Além disso, empregados insatisfeitos também geram custos extras às empresas. Segundo relatório da Gallup, o engajamento global dos trabalhadores caiu em 2024, o que custou à economia mundial US$ 438 bilhões em perda de produtividade.
2. Melhora do clima organizacional
Ao promover uma cultura de transparência e apoio, as empresas podem fortalecer as relações interpessoais e melhorar a harmonia no local de trabalho. Dessa forma, a satisfação dos empregados aumenta, bem como a atração e retenção de talentos, o que cria uma vantagem competitiva no mercado.
Conforme artigo publicado na Universidade de Harvard, líderes transparentes constroem confiança dentro de suas organizações e com os clientes. A honestidade também capacita outras pessoas a tomarem as decisões corretas no ambiente de trabalho.
3. Redução do absenteísmo e do presenteísmo
O absenteísmo representa a quantidade de afastamentos e ausências devido a doenças. Já o presenteísmo é o total de pessoas presentes na empresa, mas com baixa produtividade.
Segundo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Nove de Julho, o estresse é o principal gerador do presenteísmo e afeta cerca de 30% dos trabalhadores brasileiros. Já o absenteísmo está relacionado a fatores como baixa motivação, doenças ocupacionais e falta de políticas de qualidade de vida no emprego.
Ambos os problemas melhoram com a avaliação psicossocial, já que a empresa detecta as dificuldades e age de forma corretiva e preventiva.
4. Aumento da segurança no trabalho
Esse é um dos principais benefícios da avaliação psicossocial. Afinal, a análise dos fatores de risco promove um ambiente de trabalho seguro. Essa vantagem fica evidente nas situações do dia a dia.
Por exemplo, se uma pessoa sofre com o acúmulo de funções, ela costuma se sobrecarregar e pode desviar sua atenção da atividade exercida. Como consequência, um imprevisto pode acontecer, como uma queimadura em alguma máquina ou uma queda em piso escorregadio.
5. Conformidade com a legislação
Realizar avaliações psicossociais, sobretudo no contexto da NR-01, evita problemas legais e garante que a empresa esteja alinhada às normas de segurança previstas por lei.
Dica: baixe gratuitamente o guia prático sobre riscos psicossociais e a importância da NR-01 desenvolvido pela Mapa HDS. Assim, sua empresa fica 100% adequada às exigências da legislação.
6. Fortalecimento da imagem da marca
Organizações que investem no bem-estar dos trabalhadores transmitem uma imagem positiva para o mercado e para seus consumidores. Desse modo, a retenção de talentos é maior, bem como a atração de novos profissionais qualificados, o que gera um diferencial competitivo extremamente relevante.
7. Promoção do equilíbrio entre vida pessoal e profissional
A aplicação de avaliações regulares ajuda a identificar desequilíbrios para que as organizações desenvolvam soluções para proporcionar uma rotina mais equilibrada.
Segundo um estudo da Fundação Getúlio Vargas, a aplicação de avaliações regulares ajuda a identificar desequilíbrios, além de contribuir para a formulação de estratégias mais assertivas.
Dessa maneira, a empresa contribui para o bem-estar e o engajamento da equipe e, assim, fortalece a satisfação e a produtividade no ambiente de trabalho.
Qual é a importância da avaliação psicossocial?
O exame psicossocial avalia situações com as quais os trabalhadores lidam no cotidiano e que podem causar problemas como falta de motivação e altos níveis de estresse. A ferramenta também possibilita a compreensão do impacto das exigências e funções exercidas no equilíbrio psicológico e mental.
Esses fatores costumam afetar significativamente a produtividade e a satisfação dos trabalhadores. Por exemplo, os conflitos interpessoais podem criar um ambiente tenso e improdutivo, com prejuízos à eficiência e à moral dos empregados.
Nesse cenário, a importância da avaliação psicossocial fica evidente, pois esse processo ajuda a identificar as tensões existentes, além de fornecer insights para uma resolução eficaz. Ao mesmo tempo, contribui para a criação de estratégias para melhorar o trabalho em equipe, fortalecer a cultura organizacional e promover um ambiente mais colaborativo e positivo.
Todos esses aspectos ainda podem gerar o aumento da eficiência operacional, com economia de recursos em recrutamento e treinamento de novos empregados.
Como é feita a avaliação psicossocial?
É realizada por meio da aplicação de testes, recursos e instrumentos psicológicos. O exame tem a função de obter informações sobre as pessoas da empresa, as atividades exercidas e o ambiente laboral. Além disso, identifica fatores de risco emocionais que podem impactar o desempenho e a segurança.
Vale destacar que esse processo de investigação varia conforme o contexto organizacional, a área de atuação e o objetivo da avaliação. Portanto, cabe ao profissional responsável definir quais instrumentos serão utilizados. As principais metodologias incluem:
- entrevistas: conversas estruturadas para compreender a história do indivíduo e identificar fatores que impactam sua saúde mental. Um exemplo é entrevistar um empregado para entender como o trabalho em home office interfere na sua produtividade e na vida pessoal;
- questionários: instrumentos padronizados que medem elementos, como nível de estresse e de satisfação com o trabalho. Esse tipo de ferramenta fornece indicativos importantes de áreas que precisam de melhorias;
- observação: análise do comportamento dos indivíduos em situações reais ou simuladas. Você pode, por exemplo, observar interações em reuniões para identificar possíveis conflitos interpessoais;
- relatórios psicológicos: documentos detalhados com conclusões e recomendações personalizadas, como sugestões de treinamentos ou mudanças no ambiente de trabalho.
Para você compreender como é feita a avaliação psicossocial, também é importante conhecer as etapas desse processo. Continue a leitura para saber mais!
Quais são as etapas da avaliação psicossocial?
As etapas são:
- Planejamento e preparação com a definição de objetivos;
- Seleção de ferramentas e métodos adequados;
- Preparação da equipe que irá aplicar a avaliação;
- Execução da avaliação com os trabalhadores;
- Interpretação dos dados para identificar padrões, tendências e correlações que revelem problemas ou áreas de melhoria;
- Geração do relatório final.
Entenda os detalhes a seguir!
1. Planejamento e preparação
Entre as etapas da avaliação psicossocial, o primeiro passo é o planejamento e a preparação. Defina os objetivos que você deseja atingir, o que pode incluir:
- a identificação de fatores de estresse;
- a análise de interações sociais;
- a avaliação do impacto do ambiente de trabalho na saúde mental das pessoas.
2. Seleção de ferramentas e métodos adequados
Escolha cada ferramenta com base em sua capacidade de fornecer insights precisos sobre os aspectos psicossociais avaliados. Você pode optar por diferentes alternativas.
Uma opção é o Inventário Psicossocial da Mapa, ideal para identificar os fatores que afetam a presença ou ausência de riscos psicossociais. Essa análise envolve a mensuração de dimensões sociais e sua interação com o ambiente laboral, além das características e condições de trabalho.
Outra opção são os testes de personalidade, exames que proporcionam insights profundos sobre os traços e perfis comportamentais. Também ajudam a identificar traços individuais que influenciam as interações interpessoais, o enfrentamento do estresse e a adaptação ao ambiente de trabalho.
Por fim, o teste de personalidade Mapa avalia um conjunto de aspectos organizadores da personalidade por meio de uma estrutura de fatores validada no Brasil e reconhecida pelo Conselho Federal de Psicologia. É 100% digital e apresenta indicadores voltados para liderança, operação e administração da organização.
| Ferramenta | Descrição | Objetivo |
| Inventário Psicossocial | Conjunto de perguntas para avaliar fatores sociais e emocionais | Diagnóstico de fatores sociais |
| Teste de personalidade | Testes padronizados para identificar traços de personalidade | Identificação de perfis individuais |
Ferramentas diversas utilizadas na avaliação psicossocial, como questionários e testes de personalidade.
Leia também: Veja o comparativo e confira qual a melhor ferramenta para a avaliação psicossocial!
3. Preparação da equipe
Treine as pessoas responsáveis pela aplicação das ferramentas e interpretação dos resultados para garantir o conhecimento e as habilidades necessárias para realizar a avaliação com eficácia. O RH deve se familiarizar com os objetivos do teste e ser capaz de exercer uma comunicação clara e convincente.
Além disso, obter o apoio da alta direção é essencial para o sucesso da avaliação dos riscos psicossociais. Esse suporte legitima o processo e facilita a implementação das melhorias. Comunicar a importância e os benefícios obtidos é outro passo importante.
Dessa forma, fica mais fácil ter uma participação voluntária e sincera das equipes, medida crucial para a obtenção de dados precisos e relevantes. Lembre-se de que transparência e comunicação eficaz são a chave para o sucesso dessa etapa inicial!
4. Execução da avaliação
Siga um cronograma bem definido que detalhe todas as etapas do processo, desde a aplicação das ferramentas até a fase de análise dos resultados. Assim, você mantém o processo organizado e garante a realização das atividades dentro dos prazos estabelecidos e com eficiência no uso dos recursos.
Você deve aplicar as ferramentas selecionadas, como inventários psicossociais e testes de personalidade, de forma consistente e padronizada para garantir a validade e a confiabilidade dos dados coletados. É importante ter uma postura ética e confidencial na sua administração, com respeito à privacidade das informações.
Outra boa prática é deixar a equipe responsável pela execução das avaliações bem preparada para lidar com qualquer resistência ou preocupação dos empregados. Desse modo, é possível ofertar sessões informativas para solucionar dúvidas e apoio adicional para quem está ansioso ou relutante em participar.
Ao final, organize e prepare todos os dados coletados para análise. Conclua a etapa de execução com uma revisão cuidadosa das informações e tenha certeza de que os dados estão completos e precisos para a próxima fase de interpretação e análise.
5. Interpretação dos dados
Após a coleta, chega a interpretação dos dados. Essa fase envolve uma análise minuciosa das respostas obtidas nos inventários psicossociais e testes de personalidade. O objetivo é identificar padrões, tendências e correlações que revelem problemas ou áreas de melhoria.
Profissionais com qualificação devem realizar essa etapa, geralmente psicólogos organizacionais ou especialistas em recursos humanos. O motivo é o fato de terem a experiência necessária para traduzir as informações em insights acionáveis.
Nesse processo, ocorre a organização e a limpeza das informações coletadas e a utilização de métodos estatísticos para identificar padrões. Por exemplo, altos níveis de estresse reportados em determinado departamento podem indicar a necessidade de intervenções específicas nesse setor.
De toda forma, é fundamental considerar o contexto organizacional e as particularidades de cada grupo. Extraia informações úteis para elaborar estratégias de melhoria contínua e leve em conta a confidencialidade e a ética para garantir o uso dos resultados de maneira construtiva e respeitosa.
Portanto, a interpretação dos dados é essencial para transformar a informação bruta da avaliação psicossocial em insights valiosos. Desse modo, é possível identificar áreas críticas que necessitam de intervenção e desenvolver planos de ação eficazes para promover o bem-estar e a produtividade das equipes.
6. Geração do relatório final
O relatório final da avaliação psicossocial deve ser detalhado e acessível a todos os níveis organizacionais. Esse documento é essencial, pois comunica os resultados de forma compreensível e prática.
Portanto, inclua um resumo dos principais achados, com gráficos e tabelas que ilustram os dados coletados. Elabore uma análise detalhada das respostas dos inventários psicossociais e testes de personalidade, além de organizar o relatório da seguinte forma:
- resumo executivo para destacar os pontos mais importantes;
- apresentação dos resultados com elementos que ajudam a tornar as informações mais acessíveis para identificar rapidamente padrões e tendências;
- inclusão de recomendações específicas para melhorar o clima organizacional e o bem-estar das pessoas. Baseie-se nas interpretações e adapte as soluções às necessidades específicas da organização para que as sugestões sejam práticas;
- comunicação transparente, com destaque para os pontos positivos e áreas que necessitam de atenção. Desse modo, cria-se um ambiente de confiança, colaboração, valorização e motivação para gerar melhorias.
Em suma, o relatório final é uma etapa fundamental da avaliação psicossocial para promover a implementação de mudanças positivas e o desenvolvimento contínuo da organização.
Quais são os testes psicossociais?
Os principais testes são:
- Testes psicométricos: avaliam aptidões cognitivas, traços de personalidade e raciocínio lógico;
- Testes projetivos: exploram dimensões mais profundas da personalidade;
- Entrevistas estruturadas: conduzidas por psicólogos para investigar a história de vida e as experiências profissionais;
- Questionários de autoavaliação: ideais para captar percepções subjetivas sobre o clima organizacional.
Saiba mais a seguir!
1. Testes psicométricos
Avaliam aspectos do comportamento humano, como aptidões cognitivas, raciocínio lógico e traços de personalidade. São instrumentos padronizados que medem capacidades mentais e emocionais. Alguns exemplos incluem:
- BFP (Bateria Fatorial de Personalidade): exame que investiga dimensões como extroversão, estabilidade emocional e socialização;
- BGFM-1 (Bateria Geral de Funções Mentais): teste utilizado para avaliar funções mentais básicas, como atenção e memória, pois fornece dados importantes sobre o equilíbrio psicológico e a adequação ao cargo;
- QUATI (Questionário de Avaliação Tipológica de Jung): identifica o tipo psicológico predominante com base nas funções cognitivas, como pensamento, sentimento, sensação e intuição. Esse teste auxilia na compreensão do estilo de tomada de decisão, na forma de interação social e na adaptação ao ambiente de trabalho.
2. Testes projetivos
Exploram dimensões mais profundas da personalidade, acessando conteúdos inconscientes e aspectos emocionais que não são captados facilmente em avaliações diretas. Um dos mais utilizados é o HTP (House-Tree-Person), indicado para analisar a forma como o indivíduo se relaciona com o ambiente e consigo mesmo por meio de desenhos simbólicos.
Esse tipo de instrumento é essencial para prever reações diante de situações de estresse e autoridade, por exemplo. Por isso, é frequentemente aplicado em contextos de avaliação psicossocial.
3. Entrevistas estruturadas
A entrevista estruturada deve ser conduzida por psicólogos capacitados. Nesse processo, perguntas previamente definidas são aplicadas para investigar a história de vida, as experiências profissionais, os hábitos, comportamentos e as reações emocionais do trabalhador.
4. Questionários de autoavaliação
Complementam os testes e entrevistas, pois capturam percepções subjetivas sobre o bem-estar, o clima organizacional e os fatores de risco psicossocial. Instrumentos como o ESAVI (Escala de Avaliação de Sintomas de Vivências Internas) ajudam a identificar níveis de ansiedade, estresse e cansaço mental.
Inclusive, um estudo publicado no Research Journal in Advanced Humanities revela que líderes e trabalhadores que realizam exercícios de autoavaliação com frequência são mais produtivos. Além disso, eles apresentam melhor desempenho organizacional, o que evidencia o impacto positivo da reflexão sobre o próprio comportamento no ambiente laboral.
Vale reforçar que a avaliação dos fatores de riscos psicossociais requer o uso de testes que permitam investigar aspectos psicológicos, como memória, atenção, nível de estresse e impulsividade. Cabe ao profissional responsável definir quais recursos usar com base no contexto e no objetivo da avaliação.
Agora que você já sabe quais são os testes psicossociais mais comuns, é hora de entender quais critérios devem ser contemplados nessa avaliação. Explicamos na sequência!
Quais critérios considerar no teste psicossocial?
Um teste completo deve considerar 8 aspectos para evidenciar a percepção do empregado sobre suas habilidades e as políticas de valorização da saúde mental adotadas em sua empresa:
- Autoeficácia;
- Comportamento seguro;
- Exigências laborais;
- Recursos organizacionais;
- Grupos sociais;
- Relações no trabalho;
- Saúde e bem-estar;
- Identificação laboral.
1. Autoeficácia
Avalia a confiança que o empregado tem nas próprias habilidades para enfrentar desafios e atingir metas, característica que reforça seu compromisso com ações e a resiliência diante das adversidades.
2. Comportamento seguro
Mede a percepção do trabalhador em relação à segurança no trabalho, o que inclui os cuidados da empresa para garantir sua proteção nas atividades diárias.
3. Exigências laborais
Investiga a percepção dos empregados sobre o impacto das exigências laborais em sua saúde e produtividade, especialmente em cenários de escassez de recursos para enfrentar esses desafios.
4. Recursos organizacionais
Analisa a percepção dos trabalhadores sobre os recursos disponibilizados pela empresa e como contribuem para a satisfação e o desempenho laboral.
5. Grupos sociais
Avalia o equilíbrio entre vida pessoal e profissional e seu impacto na qualidade de vida do empregado com base no suporte emocional oferecido pela família e amigos.
6. Relações no trabalho
Aprofunda as relações interpessoais no ambiente de trabalho, a fim de identificar o nível de respeito e o grau de confiança entre colegas e lideranças. Além disso, monitora a ocorrência de casos de ofensas e assédio.
Essa é uma questão especialmente importante no contexto brasileiro. Só para você ter ideia, uma pesquisa da KPMG foi feita com mais de 500 brasileiros de diferentes profissões e situações socioeconômicas. 30% dos participantes relataram ter sofrido algum tipo de assédio nos últimos 12 meses. Ao todo, 41% dos casos ocorreram no local de trabalho.
Ou seja, os números reforçam a responsabilidade de as empresas criarem ambientes seguros para os trabalhadores.
7. Saúde e bem-estar
Estuda a saúde emocional e o bem-estar no local laboral, a fim de promover um ambiente mais saudável e equilibrado. Segundo estudo publicado na Revista Foco, a promoção da saúde mental no trabalho depende não apenas do cumprimento de normas legais, mas também de uma transformação cultural nas organizações.
Logo, as empresas devem adotar políticas internas de combate ao assédio e estratégias integradas de prevenção e reabilitação que priorizem o bem-estar dos empregados.
8. Identificação laboral
Avalia o vínculo emocional entre o trabalhador, a organização e sua profissão, com o objetivo de mensurar seu nível de conexão e identificação com sua ocupação.
Conforme estudo publicado no ResearchGate, a cultura organizacional exerce papel fundamental na formação de comportamentos, atitudes e níveis de engajamento dos trabalhadores. O artigo ressalta que uma cultura sólida e positiva fortalece o sentimento de pertencimento, aumenta a motivação e reduz a rotatividade, pois alinha valores individuais aos objetivos estratégicos da empresa.
Como aplicar os resultados da avaliação psicossocial na empresa?
Siga o passo a passo:
- Realize o diagnóstico organizacional para determinar fatores que influenciam o comportamento dos trabalhadores;
- Defina os parâmetros de melhorias para implementar ações assertivas;
- Monitore os resultados, o que ajuda a identificar novas necessidades da equipe;
- Colete os feedbacks para transformar dados em iniciativas eficazes.
Veja os detalhes a seguir!
1. Realize o diagnóstico organizacional
O diagnóstico organizacional identifica fatores que influenciam o comportamento dos trabalhadores e o desempenho da empresa. Por meio da análise das informações, a liderança detecta padrões e tendências que indicam áreas de força e de vulnerabilidade no negócio.
Por exemplo, altos níveis de estresse e insatisfação podem indicar problemas específicos, como cargas de trabalho excessivas ou falhas na comunicação. Com essas informações, a organização pode desenvolver estratégias específicas para abordar os problemas identificados e promover um ambiente mais saudável.
As ações podem envolver intervenções direcionadas, como workshops de resolução de conflitos, programas de treinamento para líderes e melhorias na infraestrutura de apoio às equipes. O diagnóstico organizacional ainda permite monitorar a eficácia das iniciativas implementadas para ajustar as abordagens conforme necessário.
Esse processo contínuo de avaliação e adequação gera melhorias no ambiente de trabalho e fortalece o bem-estar dos seus talentos. Assim, um diagnóstico organizacional bem conduzido fornece uma base sólida para uma tomada de decisão mais estratégica.
Saiba mais sobre o diagnóstico organizacional da Mapa e entenda como você pode realizar uma análise completa da saúde emocional e do ciclo laboral das pessoas da sua equipe.
2. Defina os parâmetros de melhorias
Os resultados da avaliação psicossocial fornecem parâmetros claros para a implementação de melhorias na organização. Por exemplo, se o exame indicar altos níveis de estresse em certa equipe, a empresa pode implementar programas de bem-estar que incluam atividades de relaxamento.
Além disso, os treinamentos de desenvolvimento pessoal são outro parâmetro importante para o desenvolvimento organizacional. As ações podem ainda envolver habilidades como gestão do tempo, resolução de conflitos e capacitação de liderança para ajudar as pessoas a se tornarem mais eficientes e resilientes.
Dessa forma, a capacitação contínua melhora a produtividade individual e contribui para um ambiente de trabalho mais coeso e colaborativo. Já no caso de problemas sistêmicos, mudanças na estrutura organizacional podem ser necessárias.
Nesse sentido, é possível reorganizar as equipes, redefinir funções e responsabilidades ou criar novos canais de comunicação para melhorar a transparência e o fluxo de informações. Essas modificações são fundamentais para resolver problemas de longo prazo e promover a melhoria contínua.
3. Monitore os resultados
Essa é uma das etapas mais importantes após coletar os resultados da avaliação psicossocial na empresa, pois assegura que os dados obtidos não fiquem apenas no papel. Aqui, a organização deve acompanhar continuamente os indicadores relacionados à saúde mental, ao clima organizacional e à produtividade, como:
- métricas de faltas e rotatividade;
- análise de queixas recorrentes;
- avaliação de desempenho das equipes.
Além de observar os números, é essencial manter um diálogo aberto com os trabalhadores e líderes por meio de reuniões de feedback, grupos focais e novas aplicações de questionários. Essas medidas ajudam a entender se houve melhora na percepção de bem-estar, na qualidade das relações interpessoais e na satisfação com o ambiente de trabalho.
Assim, o monitoramento contínuo permite identificar possíveis retrocessos ou novas demandas que exigem ajustes nas estratégias de gestão de riscos psicossociais. Por fim, todos os resultados e aprendizados dessa fase devem ser registrados e integrados ao sistema de gestão de Segurança e Saúde no Trabalho (SST).
Desse modo, a empresa cria um histórico de dados e fortalece sua cultura preventiva, o que demonstra comprometimento com o bem-estar psicológico dos empregados!
4. Colete os feedbacks
O objetivo é obter informações diretas dos trabalhadores sobre o clima organizacional, a carga de trabalho, a qualidade das lideranças e as medidas adotadas pela empresa. Esse retorno pode ser coletado por meio de entrevistas, formulários anônimos, rodas de conversa ou até canais digitais de escuta ativa.
Além de ouvir os empregados, é importante incluir gestores e equipes de RH no processo de feedback. A comparação entre as percepções de diferentes grupos auxilia a empresa na identificação de pontos de convergência e divergência, o que fortalece o diagnóstico sobre o impacto das ações adotadas.
Por fim, os feedbacks devem ser analisados de forma sistemática e transformados em dados úteis para o plano de ação. Assim, a empresa reforça o sentimento de pertencimento e confiança ao demonstrar que escuta e aplica as sugestões dos trabalhadores.
Portanto, coletar feedbacks vai além de um simples levantamento de opiniões: é uma prática estratégica para aperfeiçoar processos, fortalecer vínculos e construir um ambiente colaborativo.
Mapa HDS: visualize, mensure e previna riscos psicossociais
A avaliação psicossocial é um processo essencial para compreender os fatores que influenciam o bem-estar e o desempenho dos trabalhadores. Nesse contexto, o Inventário de Fatores Psicossociais da Mapa HDS surge como uma ferramenta que identifica e monitora elementos relacionados ao indivíduo, à organização, ao trabalho e às interações sociais.
Portanto, é ideal para organizações que desejam atender às exigências legais, pois oferece para as empresas uma visão clara e estratégica sobre os riscos psicossociais. O inventário também permite uma análise psicossocial que abrange 32 dimensões de avaliação, como os critérios de autoeficácia, comportamento seguro, exigências laborais e recursos organizacionais.
Esses fatores possibilitam a construção de uma Matriz de Risco Psicossocial para organizar os resultados e facilitar a identificação de setores mais críticos. Além disso, a plataforma disponibiliza relatórios detalhados e comparativos, o que auxilia na elaboração de planos de ação específicos e no acompanhamento da evolução dos indicadores de saúde mental.
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